Autor: MARIA CRISTINA KUPFER
Arthur um Autista no Seculo 19
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Este é um romance sobre um autista, filho de uma camponesa, que nasce na propriedade de uma aristocrata, no século XIX e na França. A aristocrata, Marguerite, o recolhe em sua casa e começa então seu esforço de fazê-lo desenvover-se. Esse esforço é registrado em um diário, escrito entre 1891 e 1916. Nele, Marguerite reflete sobre a luta em que ela se engaja para fazê-lo sair de seu mutismo e entrar no mundo. Para isso, conta com a interlocução de Monsenhor Olivier, abade muito culto que ajuda a entender o modo de ser de Artur. Arthur é depois obrigado a sair da casa de Marguerite, vítima da mesma incompreensão que o atingiu na escola. Na segunda parte do livro, ele é recolhido na Abadia de Monsenhor Olivier e ali também escreve um diário, a partir de seus 15 anos, como escrevem hoje muitos autistas de alto rendimento sobre seu autismo. Ao final de livro, os manuscritos de Marguerite e de Arthur são apresentados a uma psicanalista, F. D. (iniciais de Françoise Dolto), que escreve, em 1941, uma carta "explicando" como ela entende este caso, e aconselhando a publicação dos Manuscritos, agora nas mãos do leitor. No posfácio, são apresentadas algumas noções psicanalíticas atuais sobre o autismo, que fundamentaram a escrita do romance, dentre elas a noção de prazer compartilhado, que marca a construção da vida pulsional e da qual o autista está privado, de acordo com psicanálise. Mostra ainda a leitura de algumas características dos autistas como imurbilidade, a memória extraordinária e a linguagem sígnica. Este livro busca transmitir, de forma romanceada, uma visão psicanalítica sobre o autismo. A distância no tempo e no espaço é uma tentativa de oferecer certo recuo ao leitor, o que poderá permitir que ele veja o autista de uma perspectiva diferente daquela, organicista e reducionista, que é dominante nos dias atuais. O trabalho de Marguerite é uma maneira de apresentar o tratamento psicanalítico, avant la lettre, de um autista. A autora reúne, aqui, o que ela atravessou em seus anos de experiência com o autismo.