Autor: Lima, Luiz Costa
Frestas: A Teorização Em Um País Periférico
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Frestas. A teorização em um país periférico tem um caráter duplo. Duplo, em primeiro lugar, pela posição que ocupa quanto à teorização empreendida pelo autor. Neste sentido, o livro tem um cunho tanto retrospectivo, como prospectivo. Retrospectivo pela síntese que oferece do que foi exposto em História. Ficção. Literatura (2006), O controle do imaginário e a afirmação do romance (2009), A ficção e o poema (2012). Prospectivo tanto por tornar mais precisas algumas das formulações anteriores, como, e sobretudo, por mostrar que o conceito de ficção não se restringe ao que se costuma englobar sob o nome de literatura.Se a essa se reserva a designação de ficção interna, àquela que se realiza fora do circuito literário chama-se de ficção externa. O espectro da última é extremo: na ficção externa incluem-se tanto as formas de cortesia quando o cálculo das probabilidades. Aquelas e este têm em comum não estarem subordinados ao critério de verdade. Quando cumprimento alguém com "bom dia" ou "como vai", não estou interessado em que o outro tenha de fato um dia bom ou que seja bom seu estado de espírito. Nem por isso estou sendo falso. Do mesmo modo, quando se estabelece um cálculo de probabilidades não se declara uma verdade, senão que uma aproximação.Tanto a cortesia quanto o cálculo podem ser entendidos de maneira errada, pois ao homem parece difiícil entender que o critério de verdade é apenas um dos que ele usa, e ficção não é sinônimo de falsidade.Ao lado deste, Frestas desenvolve um segundo caráter duplo. Basta comparar os capítulos primeiro e último para entendê-lo: parte-se de uma indagação abstrata - o estatuto que o sujeito ocupa no interior dos tempos modernos - para abordar-se no final algo bastante concreto: a satisfação com a mediocridade intelectual que tem caracterizado a academia e a rede mediática nacional.Luiz Costa Lima é professor emérito da PUC-RJ. Recentemente, a revista Culture, Theory and Critique (Londres, Routledge), dedicou o número 54, tomo 2, a textos sobre sua obra, apresentados, em 2010, em simpósio realizado em Brisbane, Austrália."Na contramão de uma conjuntura que () solicita diminuir os riscos de compreensão, tornar mais leve o que poderia soar complicado, [A Ficção e o poema] é um livro que exige leitores que não tenham medo da teoria." (Franklin Alves Dassie, in Prosa e verso, suplemento de O Globo, 1 de setembro, 2012)"Irredutível à ideia de crítica como, de matriz hegeliana, a negativa explorada por Luiz Costa Lima se mostra irredutível à via dialética, identificando-se com a concepção diametralmente oposta, de matriz kantiana, da crítica como análise dos limites da razão." (Thiago Castañon, in revista Eutomia, 11, (1), janeiro-junho, 2013)"Luiz Costa Lima é o único autor surgido no Brasil com uma contribuição reconhecida internacionalmente para a teoria da literatura - e isso se deve precisamente a suas reflexões sobre a mímesis e sobre um conceito correlato, de sua própria lavra: o controle do imaginário" (Manuel da Costa Pinto, in revista Cult, fevereiro, 2013)"O aspecto mais importante da inflexão impressa por este livro diz respeito à contribuição original e inesperada que nele Costa Lima dá à crítica contemporânea à metafísica do sujeito moderno: a descoberta de que a mímesis lança o sujeito para fora de si." (Sérgio Alcides, posfácio à reedição de Mímesis: desafio ao pensamento, no prelo)