Sempre me surpreendi com a possibilidade que as diferentes expressões da arte possuem para iluminar a psicanálise em seus conceitos teóricos e patologias clínicas. Quando recorremos a elas, seguimos o sábio conselho de Freud em A Gradiva, ao nos dizer: "O escritores criativos são aliados muito valiosos, cujo testemunho deve ser levado em alta conta, pois costumam conhecer toda uma vasta gama de coisas entre o céu e a terra com as quais a nossa filosofia ainda não nos deixou sonhar. Eles estão bem adiante de nós, gente comum, no conhecimento da mente, já que se nutrem em fontes que ainda não tornamos acessíveis à ciência". Para a discussão de material clínico, a história narrada por um escritor e seus personagens tem a óbvia vantagem de ser compartilhada igualmente por todos os integrantes de um grupo, diferentemente dos casos oferecidos por um colega em sua experiência restrita, além de proteger o sigilo de nossos pacientes. O cinema, por sua vez, com os recursos técnicos os quais dispõe, pode abolir as categorias de tempo e espaço, à semelhança da linguagem do sonho, do processo primário, e assim transmitir sensações e afetos em uma comunicação direta com o inconsciente do espectador. É, pois, um terreno fértil para nossos estudos. Estudos esses que, para mim, começaram com a curiosidade em entender o setting analítico e a natureza do ofício do analista, levando a uma indagação que abre a sequência dos textos do livro: O psicanalista, um artista em seu trabalho?Entrego a pergunta ao leitor.
Ficha Técnica
Editora: IDEIAS E LETRAS
Especialidade: PSICANÁLISE
ISBN: 9788565893183
Páginas: 0272
Ano: 2013
Edição: 1
Encadernação: Capa comum